O Hidrogênio Verde está se consolidando como uma das grandes promessas no cenário energético global. Sua capacidade de oferecer uma fonte de energia limpa e renovável tem atraído investimentos significativos, além de políticas públicas e inovações tecnológicas.
No artigo de hoje, vamos explorar 10 projetos promissores de Hidrogênio Verde em desenvolvimento no Brasil.
10 projetos promissores de Hidrogênio Verde em desenvolvimento no Brasil
O Hidrogênio Verde tem atraído atenção mundial como alternativa para reduzir as emissões de carbono. No Brasil, mais de US$ 30 bilhões já foram prometidos para projetos relacionados, de acordo com o Instituto Nacional de Energia Limpa (INEL). Embora muitos desses projetos ainda estejam na fase inicial, alguns já começam a ganhar forma, mostrando o potencial do país como líder global no setor.
Veja a seguir alguns deles:
1. Fortescue (Ceará)
A Fortescue, mineradora australiana, está desenvolvendo uma planta no Complexo do Pecém, no Ceará. O projeto é uma prioridade no portfólio global da empresa, alinhado com seu objetivo de descarbonização industrial e já está na fase de viabilidade. A planta será construída em duas etapas no Setor 2 da ZPE Ceará, com capacidade para produzir até 837 toneladas de Hidrogênio Verde por dia, utilizando 2.100 MW de energia renovável.
Durante a fase de construção, a previsão é gerar cerca de 5 mil empregos. O início das operações está previsto para 2025, com operação plena em 2027.
- Investimento: US$ 3,5 bilhões
- Produção de hidrogênio: 180 mil toneladas/ano
- Capacidade de eletrólise: 1,2 GW
- Início previsto: 2025
- Operação plena: 2027
2. Atlas Agro (Minas Gerais)
Focada no mercado doméstico, a Atlas Agro foi selecionada para fazer parte da plataforma Acelerador de Transição Industrial (ITA), criada na COP28, com o projeto Uberaba Green Fertilizer (UGF). O projeto visa a construção da primeira fábrica de fertilizantes nitrogenados no Brasil a partir de Hidrogênio Verde.
O empreendimento será localizado em Uberaba (MG) e utilizará energia 100% limpa, proveniente de fontes renováveis, como solar e eólica, para a produção de amônia verde e fertilizantes com baixa pegada de carbono.
- Investimento: R$ 4,3 bilhões
- Produção de amônia verde: 530 mil toneladas/ano
- Capacidade de eletrólise: 2,5 GW
- Início previsto: 2028
3. Green Energy Park (Piauí)
O projeto Green Energy Park Piauí é uma parceria entre o Governo do Piauí, o Porto de Luís Correia e a Green Energy Park em KRK, Croácia, com apoio da União Europeia. A iniciativa prevê a exportação de Hidrogênio Verde pelo Porto de KRK, destinado à Europa, ao Oriente Médio e à Ásia. O hidrogênio será usado em diversos setores, como construção, indústria, geração de energia e mobilidade nos mercados atendidos.
A produção está programada para começar em janeiro de 2028.
- Investimento: US$ 200 bilhões
- Produção de Hidrogênio Verde: 2,8 milhões de toneladas/ano
- Produção de amônia verde: 15 milhões de toneladas/ano
- Capacidade de eletrólise: 10 GW
- Início previsto: 2028
4. Solatio (Piauí)
O projeto Solatio, no Piauí, é uma iniciativa inovadora de Hidrogênio Verde e amônia, desenvolvido pela Solatio em parceria com o Governo do Piauí, o Governo Federal, o Porto Piauí e a Zona de Processamento de Exportação.
A Solatio, com mais de 15 anos de experiência no Brasil, é líder no setor fotovoltaico, com um portfólio de 31 GWp. O projeto, com previsão de começar em 2028, será um marco na transição energética, promovendo o desenvolvimento econômico e gerando mais de 5 mil empregos no Piauí.
- Investimento: 42 bilhões de euros
- Produção de Hidrogênio Verde: 1,7 milhão de toneladas/ano
- Produção de amônia verde: 9,6 milhões de toneladas/ano
- Capacidade de eletrólise: 11,4 GW
- Início previsto: 2028
5. European Energy (Pernambuco)
O projeto consiste na instalação da primeira planta produtiva de e-metanol do Brasil, localizada no Complexo Industrial Portuário de Suape, em Pernambuco. O empreendimento produzirá e-metanol, combustível renovável e livre de emissões poluentes.
A produção está prevista para começar em julho de 2028 e gerar 250 empregos diretos.
- Investimento: R$ 2 bilhões
- Produção de e-metanol: 100 mil toneladas/ano
- Início previsto: 2028
6. Fuella (Rio de Janeiro)
O projeto no Porto do Açu é uma colaboração entre a Prumo Logística, o Porto do Açu Operações e a Fuella AS, para desenvolver um hub de hidrogênio de baixo carbono e derivados, com foco na produção de amônia verde.
O cronograma prevê uma decisão final de investimento em quatro anos e início das entregas até 2030. O hub está localizado no maior complexo portuário industrial privado da América Latina e é estrategicamente posicionado para exportação para a Europa.
- Investimento: Não divulgado
- Produção de amônia verde: 400 mil toneladas/ano
- Capacidade de eletrólise: 520 MW
- Início previsto: Não divulgado
7. Unigel (Bahia)
O projeto de produção de Hidrogênio Verde da Unigel no Polo de Camaçari, Bahia, receberá investimentos significativos até 2027. A primeira etapa, já em construção, terá uma capacidade inicial de produção de Hidrogênio Verde e amônia verde.
A planta será a primeira em escala industrial no Brasil e visa fornecer Hidrogênio Verde para diversas aplicações, como mobilidade e descarbonização de setores (siderurgia e refino de petróleo).
- Investimento: US$ 1,5 bilhão
- Produção de Hidrogênio Verde: 100 mil toneladas/ano
- Produção de amônia verde: 600 mil toneladas/ano
- Capacidade de eletrólise: 60 MW (primeira fase)
- Início previsto: 2023 (atrasado)
- Operação plena: 2027
8. Qair (Ceará e Pernambuco)
A Qair está desenvolvendo dois projetos no Brasil, um no Ceará e outro em Pernambuco. No Ceará, a empresa investirá em um parque eólico offshore e outras infraestruturas, enquanto em Pernambuco o projeto também se concentrará em energias renováveis.
Juntas, as plantas têm o objetivo de produzir uma quantidade significativa de Hidrogênio Verde anualmente.
- Investimento no Ceará: US$ 6,9 bilhões
- Capacidade de energia eólica offshore: 1,2 GW
- Produção de Hidrogênio Verde no Ceará: 488 mil toneladas/ano
- Produção de Hidrogênio Verde em Pernambuco: 290 mil toneladas/ano
- Início previsto no Ceará: Não divulgado
- Operação plena em Pernambuco: 2032
9. Casa dos Ventos e Comerc (Ceará)
No Pecém, a Casa dos Ventos e a Comerc planejam investir até 2030, com um aporte de US$ 4 bilhões. A planta terá uma capacidade de 2,4 GW de eletrólise, com a previsão de produzir 365 mil toneladas de Hidrogênio Verde anualmente.
- Investimento: US$ 4 bilhões
- Produção de Hidrogênio Verde: 365 mil toneladas/ano
- Produção de amônia verde: 2,2 milhões de toneladas/ano
- Capacidade de eletrólise: 2,4 GW
- Início previsto: 2026
- Operação plena: 2030
10. AES (Ceará)
A AES Brasil tem planos para produzir até 2 GW de hidrogênio e 800 mil toneladas de amônia verde por ano, com foco na exportação para a Europa.
- Investimento: US$ 2 bilhões
- Produção de amônia verde: 800 mil toneladas/ano
- Capacidade de eletrólise: 2 GW
- Início previsto: Não divulgado
O Brasil no Cenário Global do Hidrogênio Verde
O Brasil possui uma vantagem única no mercado de H2V, graças à sua matriz energética predominantemente renovável e à abundância de recursos naturais, como energia solar, eólica e hídrica.
Marcos Recentes no Brasil
- Hub de Hidrogênio Verde no Ceará: o Porto do Pecém está sendo transformado em um dos maiores centros de produção de H2V do mundo, com investimentos de R$ 17,5 bilhões e capacidade inicial de 1,2 GW;
- Marco Regulatório de 2024: aprovada recentemente, a Lei 14.948/2024 oferece incentivos fiscais, regula o transporte e cria diretrizes para a certificação do Hidrogênio Verde.
Por que o Brasil é estratégico?
- Recursos naturais abundantes: especialmente no Nordeste, onde os ventos constantes e a alta insolação favorecem a geração de energia renovável;
- Localização privilegiada: proximidade com mercados consumidores na Europa e nos Estados Unidos;
- Infraestrutura em expansão: portos, como Pecém (CE) e Suape (PE), estão sendo adaptados para exportação de hidrogênio em larga escala.
Impactos Econômicos e Ambientais do Hidrogênio Verde
Benefícios Econômicos
- Geração de empregos: projetos, como o de Pecém, podem criar milhares de empregos diretos e indiretos;
- Novos mercados de exportação: o Brasil tem potencial para se tornar um dos maiores exportadores de H2V do mundo;
- Inovação tecnológica: investimentos em pesquisa e desenvolvimento impulsionam a modernização da indústria nacional.
Contribuições Ambientais
- Redução de emissões: a substituição de combustíveis fósseis por H2V pode diminuir drasticamente a emissão de CO₂, especialmente, na siderurgia e no transporte pesado;
- Energia sustentável: o uso de fontes renováveis fortalece a transição para uma economia de baixo carbono.
O Brasil, com seus vastos recursos renováveis e políticas favoráveis, está bem posicionado para liderar essa transição energética. No entanto, atingir esse potencial requer planejamento estratégico, inovação contínua e cooperação entre governo, empresas e sociedade.
O futuro é verde, e o Brasil tem tudo para ser protagonista dessa transformação global.