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O termo “desenvolvimento sustentável”, de acordo com a Organização das Nações Unidas, engloba três pilares: o ambiental, o social e a governança, além de orientar as práticas ESG (Environmental, Social and Governance). Mas, afinal, quando esse termo passou a ser relevante nas grandes corporações? E qual sua relação com as questões de gênero?

Essa sigla surge em 2006 e se refere às práticas ambientais, sociais e de governança de determinada instituição. O tema tem ganhado notoriedade e vem sendo amplamente difundido no mundo corporativo desde janeiro de 2020, com a publicação da carta da BlackRock, um dos maiores fundos de investimento do mundo. Em linhas gerais, a carta afirmava que iria “desinvestir em empresas que não adotassem critérios ESG”. Em 2021, a
BlackRock ratifica a aposta na agenda ambiental, nos interesses de Stakeholders e atualiza seus princípios globais e diretrizes de votação para colocar em destaque, também, a diversidade racial e de gênero. Com base nisso, a relevância da diversidade vai muito além da necessidade de legitimação por igualdade de oportunidades entre homens e mulheres;
ela também passou a ser para muitas empresas um bom negócio.

A pesquisa “Agenda ESG, Substantivo feminino”, desenvolvida no mestrado em Sustentabilidade na FGV-Eaesp por Monique Cardoso, gerente corporativa de sustentabilidade na Lavoro Agro Holding, apresentou dados inéditos do Brasil, demonstrando que as empresas com melhor desempenho ESG contavam com a presença e liderança feminina. Muitas executivas atrelam esse sucesso a adoção de algumas práticas, como: priorização da maternidade (questão de tabu e motivo para adiamento de promoções profissionais em muitas corporações), preservação de características pessoais/profissionais e emprego de mulheres nas práticas de liderança, formação e qualificação contínua e posicionamento mesmo quando são a voz discordante.

O argumento usado que mulheres são emotivas ou estão sob o efeito hormonal mensalmente e por isso não podem assumir cargos de liderança, além de serem uma falácia, é reflexo do machismo estrutural de nossa sociedade. Em outras palavras, com o advento do ESG os riscos financeiros agora serão controlados através da gestão dos riscos socioambientais decorrentes das alterações climáticas, dos riscos sociais (gênero, raça etc) e de governança. As empresas terão que se adaptar a essa nova realidade e integrar em sua gestão práticas ambientais, sociais e de governança.