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O Rio Sena é o principal rio da França e, nos anos 60, estava tão poluído que parecia “morto” do ponto de vista biológico. O problema principal era o sistema de drenagem do século XIX, que misturava esgoto doméstico com água de chuva.

Desde 2015, várias leis ambientais foram criadas e muito dinheiro foi investido em projetos para recuperar o Rio Sena. Com Paris sendo sede das Olimpíadas de 2024, esses esforços se intensificaram e se concentraram, ainda mais, em restaurar o ecossistema do Sena e criar estações de tratamento de esgoto mais modernas.

A despoluição de um rio é um processo difícil, que leva tempo, mas muito importante, pois melhora o ecossistema local e impacta na qualidade da água que abastece as casas, reduzindo a necessidade de tratamentos químicos intensivos. Quando um rio é restaurado, todo o ciclo da água na região se torna mais saudável, desde os lençóis freáticos até a água potável que chega ao seu chuveiro. 

No blog de hoje, vamos falar sobre a despoluição do Rio Sena, como é feito o processo de despoluição dos rios em geral e por que isso é tão importante para o planeta.

Como funciona a despoluição de um rio?

A despoluição de um rio é um processo complexo que requer a implementação de várias técnicas para remover poluentes e restaurar a qualidade da água. O primeiro passo fundamental é identificar as fontes de poluição, que podem incluir esgoto doméstico, resíduos industriais e produtos químicos agrícolas. 

A análise detalhada da água é indispensável para entender a natureza e a concentração dos contaminantes presentes. Após essa avaliação inicial, são empregadas diversas abordagens para tratar e limpar o rio. A seguir, confira algumas das principais técnicas utilizadas para a despoluição:

  1. Tratamento de Esgoto: essa técnica é essencial para despoluir rios. Estações de Tratamento de Esgoto (ETEs) removem matéria orgânica, sólidos e contaminantes químicos da água antes de devolvê-la ao ambiente;
  1. Controle de Efluentes Industriais: indústrias devem tratar seus efluentes, antes de lançá-los nos corpos d’água, utilizando tecnologias, como filtros e reatores químicos para remover poluentes;
  1. Dragagem: esse processo envolve a remoção de sedimentos e poluentes acumulados no leito do rio. A dragagem é realizada para retirar resíduos sólidos e lama contaminada que afetam a qualidade da água e a vida aquática;
  1. Gradeamento: utilizado principalmente para remover sólidos maiores, o gradeamento é uma técnica em que grades metálicas são instaladas em pontos estratégicos para capturar e retirar resíduos grandes antes que eles entrem no sistema de tratamento;
  1. Flotação: esse método é empregado para separar partículas sólidas e bolhas de ar ou produtos químicos da água. A flotação utiliza a diferença de densidade das partículas em relação à água para removê-las eficientemente;
  1. Técnicas ecológicas: as técnicas ecológicas são projetadas para serem sustentáveis e de baixo custo. Elas incluem a instalação de jardins flutuantes ou ilhas artificiais cobertas com plantas aquáticas. Essas plantas ajudam a filtrar poluentes da água sem a necessidade de produtos químicos, proporcionando uma forma natural e eficaz de despoluição;
  1. Técnicas nucleares: embora menos comuns, as técnicas nucleares podem ser usadas em lagoas e reservatórios para mapear e quantificar poluentes. Radioisótopos são utilizados para identificar a localização dos contaminantes, facilitando a sua remoção, e átomos radioativos são emitidos para penetrar nos poluentes, tornando-os mais fáceis de descartar.

Como foi feito o tratamento da água no Rio Sena?

Para entender como foi feita a despoluição do Rio Sena, é preciso primeiro compreender como funciona a rede de saneamento de Paris. Essa rede não apenas coleta esgoto de casas e escritórios, mas também grande parte da água da chuva. Os coletores levam essa água para estações de tratamento. No entanto, quando chove muito forte, a rede pode ficar sobrecarregada e não conseguir tratar a água rapidamente.

Para combater isso, foram construídos reservatórios que armazenam água das chuvas, no centro de Paris, aumentando a capacidade de armazenamento e ajudando a limitar o transbordamento do esgoto para o Sena. 

Além desse processo, também foi usada a técnica chamada de “Jardins filtrantes” , que utilizam plantas aquáticas que filtram impurezas da água, entre elas matéria orgânica, medicamentos e hormônios. 

Veja como funciona:

  1. Entrada da Água: a água residual (esgoto doméstico, águas de chuva, efluentes industriais etc.) é direcionada para os “jardins filtrantes”;
  1. Passagem pelo Substrato: a água passa através de diferentes camadas de substrato, como areia, cascalho e solo. Essas camadas ajudam a reter sólidos suspensos e facilitam a interação da água com as raízes das plantas e os microorganismos presentes;
  1. Ação das Plantas e Microrganismos: as plantas desempenham um papel vital, pois suas raízes fornecem superfícies para a fixação de microrganismos que degradam os poluentes orgânicos. Além disso, as plantas absorvem nutrientes, como nitrogênio e fósforo, que são responsáveis pelo crescimento de algas e pela eutrofização quando presentes em excesso;
  1. Saída da Água: a água tratada sai do “jardim filtrante” significativamente mais limpa, com redução de contaminantes, como nutrientes, metais pesados, patógenos e compostos orgânicos.

Os “jardins filtrantes” são, portanto, uma abordagem inovadora e sustentável para o tratamento de águas, combinando engenharia, ecologia e paisagismo.

Desafios Recentes nas Olimpíadas de 2024

Com todo esse processo da despoluição do Rio Sena, a cidade de Paris vinha se preparando intensamente para garantir que as águas do rio estivessem em perfeitas condições para as competições aquáticas. Mas, como a natureza tem seu próprio ritmo, algumas surpresas acabaram acontecendo.

O Desafio das Chuvas Intensas

Antes e durante os jogos olímpicos, Paris enfrentou chuvas intensas que acabaram elevando os níveis de poluição do Sena. A água, que estava em condições seguras, acabou sendo contaminada novamente, e as análises mais recentes detectaram a presença de bactérias, como E. Coli e Enterococos, indicando que a qualidade da água não estava mais adequada para o banho.

Diante dessa situação, a organização das Olimpíadas teve que tomar uma decisão difícil: adiar algumas competições até que a água do Rio Sena estivesse novamente dentro dos padrões de segurança. Esse adiamento é um reflexo dos desafios que Paris ainda enfrenta para manter o Rio Sena revitalizado de forma contínua.

Monitoramento Constante do Rio Sena

Apesar dos contratempos, as competições finalmente ocorreram, mas com um sinal de alerta aceso: o Rio Sena continuará a ser monitorado até a próxima competição e assim por diante. Esse acompanhamento é primordial para garantir que a água permaneça segura para todos — tanto para os atletas quanto para a população.

Esse cenário mostra que, embora o Rio Sena tenha passado por um processo de despoluição bem-sucedido, manter a qualidade da água exige um esforço contínuo. É uma batalha constante contra fatores naturais e humanos.

3 Exemplos de Rios Despoluídos

Embora o Rio Sena, em Paris, esteja passando por um significativo processo de despoluição, ele não é o primeiro rio a enfrentar esse processo. Ao longo da história, diversos rios ao redor do mundo passaram por processos de limpeza e revitalização para restaurar sua qualidade e recuperar os ecossistemas aquáticos.

 Veja a seguir 3 casos de rios que  passaram por bem-sucedidas iniciativas de despoluição:

  • Rio Pinheiros (São Paulo, Brasil)

Historicamente poluído por substâncias tóxicas e metais pesados entre 1950 e 1980, o Rio Pinheiros enfrentou degradação significativa devido a esgoto clandestino e detritos urbanos. Desde a revitalização, a qualidade da água melhorou consideravelmente. Atualmente, 85% dos pontos de medição atendem às metas de oxigenação, e 83% do esgoto é tratado, com progressos contínuos em limpeza e saneamento.

  • Córrego Cheonggyecheon (Seul, Coreia do Sul)

Esse córrego, coberto por concreto e sobrecarregado com vias elevadas até 2003, foi restaurado como parte de um projeto de revitalização urbana. O investimento milionário transformou o Córrego Cheonggyecheon em uma área verde vibrante e limpa, que agora é um ponto turístico e um exemplo de integração da natureza em áreas urbanas.

  • Rio Cuyahoga (Cleveland, Estados Unidos)

O Rio Cuyahoga foi tão poluído que pegou fogo em 1969 devido à atividade industrial e ao esgoto doméstico. A promulgação do Ato Nacional de Proteção Ambiental e do Ato Água Limpa, em 1972, levou a melhorias substanciais. Hoje, o rio é um componente essencial do ecossistema local e o lar e sustento de diversos animais.

Esses exemplos demonstram que, mesmo diante de desafios ambientais severos, é possível reverter os danos da poluição dos rios.

Engenharia Ambiental: o futuro da despoluição dos rios

A despoluição dos rios é um processo necessário e, embora possa ser demorado, é possível restaurar a qualidade da água e garantir um ambiente saudável para todos.  Porém, um esforço conjunto entre governo e sociedade é fundamental. Precisamos de tecnologias e projetos eficazes adaptados à nossa realidade, além de campanhas de conscientização para a população.

A Engenharia Ambiental desempenha um papel central nesse processo, sendo a principal responsável pelo desenvolvimento e aplicação de técnicas para o tratamento e remoção de poluentes. Por isso, para que essas iniciativas sejam bem-sucedidas, é fundamental investir na formação e capacitação de engenheiros ambientais, além de promover incentivos à pesquisa e inovação na área. 

Na KL Engenharia, entendemos que a engenharia tem um papel vital nesse processo, e, por isso, estamos comprometidos com a inovação contínua em nossos projetos. Nosso compromisso com a sustentabilidade e a saúde pública é a base de tudo o que fazemos, e continuaremos a liderar iniciativas que visem a recuperação e a preservação dos recursos hídricos.

Entre em contato com a KL Engenharia e descubra nossas soluções inovadoras para seus projetos.

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